Quais são os melhores bares de BH?

*Por Rafael Orsini

Belo Horizonte é conhecida como a capital mundial dos botecos. Com essa fama toda, você precisa saber quais são os melhores bares de BH! Siga esse texto e descubra quais são de acordo com a visão de um amante desses locais.

A capital mineira não é uma cidade qualquer. Além de justificar o seu nome com horizontes maravilhosos, BH é conhecida por ser o local com o maior número de bares para cada morador no mundo inteiro.

Em 2017, a Prefeitura de Belo Horizonte fez um levantamento que mapeou 9.500 estabelecimentos por toda a cidade. Aproximadamente, é equivalente a 28 bares por quilômetro quadrado. Definitivamente, o que não falta é bar em BH.

E quais seriam os melhores botecos da capital mineira de acordo com minhas experiências? Quais bairros tem a maior quantidade de bares? Quais são as histórias existentes nos balcões dos botequins? É o que você vai descobrir agora! Vem com a gente.

Peculiaridades dos bares belo-horizontinos

Como todo canto do Brasil, Belo Horizonte conta com suas próprias gírias e códigos, que exigem uma atenção maior dos turistas que chegam na cidade. Só que até mesmo os botecos da cidade tem seus termos únicos.

Além de serem carinhosamente chamados de “barzinhos” ou “butecos” – com u mesmo – os bares de BH tem um personagem próprio: o copo Lagoinha. Se você é de outra região, provavelmente o conhece como copo americano.

O nome foi dado por causa do bairro de mesmo nome, que fica próximo ao centro. Na Lagoinha, a fábrica dos copos americanos revendia os itens para os bares da região e de toda a cidade. Automaticamente, eles foram eleitos como os melhores copos para beber cerveja, café e outras tantas bebidas que estão nos lagoinhas dos botecos de BH.

Bares de BH - Copo Lagoinha

Em Belo Horizonte, nunca chame esse copo de americano.

Boemia em todos os cantos

É comum encontrar em grandes centros urbanos as chamadas regiões boêmias, que são os locais onde estão concentrados os bares e restaurantes daquele destino. Em Belo Horizonte, não existe apenas uma região. São várias, espalhadas de forma democrática e criando um mar de opções aos amantes dos botequins.

Em compensação, alguns pontos se destacam no número deles. Só no centro, por exemplo, são 704 estabelecimentos dos mais diferentes estilos. Logo depois vem a Savassi, conhecido ponto da noite belo-horizontina, com 235. Nestes lugares estão as opções que veremos agora!

Os pontos de concentração de bares na cidade

Edifício Maletta

Bares de BH - Edifício Maletta

A varanda do Edifício Maletta é sempre disputada pelos boêmios.

Não tem belo-horizontino que nunca tenha entrado no Edifício Maletta, bem no centro de BH. O prédio, que fica na esquina da Rua da Bahia com a Augusto de Lima, é um ponto de encontro costumeiro, principalmente de quem gosta de uma vibe mais alternativa.

Os bares ficam divididos em dois andares, sendo que a varanda é sempre disputada. Todas as vezes que fui lá depois das 19h, tive que sentar mais para dentro. Então, a pegada é tentar antecipar o horário de rush para ver o vai e vem do centro.

São mais de vinte opções no Maletta, mas destaco aqui duas: a Cantina do Lucas, um dos bares mais antigos de BH e que já foi ponto de encontro de Roberto Drummond e Oswaldo França, e o Las Chicas Vegan, restaurante vegano que conta com ótimas opções para esse público. O primeiro está no térreo e o segundo na parte interna do segundo andar.

Ah, e não deixe de admirar as belezas das lojas de antiguidade do Maletta. Se você gosta de livros e vinis, terá uma ótima opção além dos botequins do prédio.

Santa Tereza

Um dos primeiros bairros além dos limites da Avenida do Contorno, Santa Tereza tem um ar todo especial para quem o conhece. Para mim, o sentimento é ainda maior, já que a família do meu pai foi criada por lá. E, também por isso, Santa Tereza é sinônimo de um bar especial: o Bar do Bolão.

Os sábados na casa da vovó eram sempre diferentes. Afinal, era certo que comeríamos um delicioso prato do Bolão. O Rei do Espaguete está em frente à Praça Duque de Caxias há mais de 50 anos e atrai todos que procuram um macarrão ou um Rochedão, as duas especialidades da casa. Além do almoço, ele é muito frequentado por aqueles que saem da balada e querem fazer uma verdadeira refeição antes de descansar no fim de noite.

Mas não pense que Santê tem apenas o Bolão. O Bar do Orlando, no final da Rua Dores do Indaiá, é outro ponto tradicional da capital mineira para os amantes da cerveja. Sempre com preços acessíveis, o local permite que você sente tranquilamente e jogue aquela conversa fora.

Fica a dica para outros pontos do bairro: Parada do Cardoso, Temático e o Biroska estão dentre as opções que só Santa Tereza pode te dar.

Mercado Central

Bares de BH - Mercado Central

Um lugar de aromas, ingredientes e cervejas.

BH não seria BH sem o seu famoso Mercado Central. O mercado reúne temperos, lojas de fumo, artesanato e, é claro, um número grande de butecos. O mais conhecido deles é o Bar da Lora, localizado em dos corredores do mercado.

Eu até que poderia tentar ajudar a achar o bar no Mercado Central, mas a chance de você se perder é grande. Então, para facilitar a sua chegada, pergunte para um dos seguranças que trabalha por lá. Aproveite o caminho para comprar um queijo ou doce de leite direto da roça.

Centro

Bares de BH - Nonô

O caldo de mocotó do Nonô é imperdível! (foto: Reprodução/Nonô)

No centro da cidade é que as coisas acontecem, certo? O mesmo podemos dizer quanto aos botequins. Aqui, os bares de BH encontram sua maior concentração e também a sua maior variedade.

Por exemplo: de frente ao Mercado Central, na Avenida Amazonas, está o imponente Nonô. O rei do caldo de mocotó é onde você encontra desde o procurador até o morador de rua, que se dividem no longo balcão em busca do caldo de mocotó, carro chefe da casa.

Se tiver coragem, encare o Caracálcio, uma mistura de ovos de codorna, paçoca de amendoim, duas colheres de chocolate em pó, uma pitada de canela, uma dose de catuaba e cerveja preta. Não existe ressaca, desânimo ou cansaço que resista a essa excêntrica mistura.

Na rua Espírito Santo, outro ponto que descobri foi o Mineirinho. Quer comer bem e pagar pouco? Esse é o seu lugar! O tropeirinho, que alimenta uma família e meia, custa apenas R$ 13,50 e tem um sabor inesquecível.

Mas se falamos de tradição, sou obrigado a descrever o Café Palhares e seu Kaol – com K mesmo. Arroz, farofa de feijão, couve, ovo frito e uma linguiça caseira banhada em um molho de tomate são a paixão do botequeiro. Tudo isso no seu balcão, tão democrático quanto os que citei acima.

Poderia estender essa lista por muito tempo, mas deixo aqui a indicação para quem é especialista nos butecos centrais: Nenel, criador do blog Baixa Gastronomia. É por ele que eu descubro novos cantos e gostos nesta cidade de tantos bares. Segue lá que você não vai se arrepender.

Savassi

Símbolo da zona sul belo-horizontina, a Savassi é ponto de encontro dos jovens da cidade, principalmente por conter parte das boates da cidade em sua região. Seus bares surfam na onda e vão desde destinos iniciais até pontos para o fim do rolê.

Esse fim de rolê é bem representado pelo Rei do Pastel, que hoje já tem quatro unidades – todas na Savassi. Os vários pontos do bar servem de referência para quem não quer chegar em casa cedo, aproveitando de uma cerveja gelada e de um pastel feito na hora. Não se assuste se passar por lá na alta madrugada e encontrar o ponto cheio.

Além dos pontos de concentração

Citei aqui vários pontos de concentração, mas uma coisa que já disse no início desse texto é que os bares de BH se destacam por estarem espalhados por toda a cidade. Então, além das regiões ditas, vamos falar de outros butecos importantes de Belo Horizonte.

Na região do Barreiro, dois bares são muito conhecidos, principalmente por conta dos campeonatos entre os botequins da cidade (que já já falarei). O Bar do Zezé e o Já to Inno são a essência dos bares que obrigam um longo deslocamento, mas que ainda assim tem públicos fiéis. Para quem não é belo-horizontino, posso definir o Barreiro como o lugar onde Judas perdeu as botas. No bom mineirês, “logo ali”.

Voltando aos bares, esses dois são especialistas em levantar canecos e são sempre destaque das revistas de gastronomia local. A caminhada é longa, mas a satisfação é certa.

Uma outra característica de BH é concentrar butecos em ruas e avenidas. São os casos das ruas Sapucaí e Alberto Cintra e da avenida Fleming. Esses são verdadeiros corredores de bares, com opções para todos os gostos. Se você não tem nenhum lugar em mente, vá para algum desses pontos e escolha aquele bar que melhor te agradar – pelo cheiro, apresentação ou pelo critério que preferir.

Os campeonatos entre os botecos da cidade

Em BH, barzinho é coisa séria! E não, eu não estou sendo exagerado. Tanto é que, pra gente, definir qual o melhor buteco é passível de campeonato. Dois, para ser mais exato.

O mais tradicional e que já se espalhou por outros destinos do país é o Comida di Buteco. Em 2019, os pratos que concorreram ao prêmio custavam R$ 20 e o vencedor foi um vegetariano: o Tanganica Art Bar, com rolinhos empanados de berinjela recheados com funghi e shitake, acompanhados de pururuca e molho madeira veganos. Fique tranquilo que o concurso acontece todo ano e sempre tem a Saideira, um evento que combina todos os pratos que concorrem ao prêmio com um show para animar o pessoal!

O mais novo dos torneios é o Botecar, que é uma variação do Comida di Buteco. Com o tema de comidas do congado, todos os pratos que concorreram neste concurso tinham ingredientes que uniam a gastronomia mineira e a africana. O grande vencedor foi o Bar do Kxote, que fez uma costela bovina cozida ao molho da casa, acompanhada de petit gâteau de canjiquinha recheado com requeijão e fatias de banana-da-terra fritas sobre cama de mostarda. Diferente do Comida di Buteco, o Botecar ainda não tem festa de encerramento.

Você deve ter percebido que buteco é com a gente mesmo, não é mesmo? A minha experiência entre os mais diferentes botequins belo-horizontinos reforçam, pelo menos para mim, que o título de capital mundial dos butecos é mais do que justo.

E você, quando vem conhecer os bares de BH? Opção por aqui é o que não falta. 😉

*Rafael Orsini é jornalista, especialista em viagem da MaxMilhas e um amante dos butecos belo-horizontinos.

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